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O caminho da cozinha

Minha história com a cozinha começou graças a um projeto de fotografía documental sobre o alimento pensado com a minha amiga Catalina Giraldo, fotógrafa também; queríamos contar com imagens as historias por tras da produção de alimentos e fizemos varios ensaios fotográficos com cozinheiros, restaurantes e diferentes espaços relacionados à alimentação. Em 2012 eu vim morar no Brasil mas o interesse pelo alimento foi crescendo e lembro muito bem do desejo de aprender e realizar um trabalho manual, a cozinha me ofereceu essa oportunidade; por outro lado, graças aos sete anos em que fui vegetariana fui entrando cada vez mais na cozinha interessada pelos processos e pelos sabores das muitas possibilidades da alimentação baseada em plantas o que diversificou a minha própria alimentação.


Quando cheguei no Brasil conheci o projeto Cozinha Efêmera e por quatro anos fiquei perto da Silvia Corbucci idealizadora do projeto, trocamos fotografias por aulas, almoços, jantares e aprendi diversos preparos e recursos da culinária viva como leites vegetais, germinados, desidratados e fermentações. Além dos incríveis saberes culinários, Silvia conhecia produtores e redes de distribuição de alimentos orgânicos e assim fui me familiarizando com uma alimentação mais consciente e sem veneno. Foram anos de trocas enriquecedoras.


Paralelo a isso durante esse tempo trabalhei como cozinheira por dois anos na Morada da Floresta, uma empresa de impacto socioambiental, lá eu cozinhava com autonomia para propor os cardápios e incluir alimentos orgânicos e nesse período fui ganhando mais confiança na cozinha, com as listas de compras, as quantidades e o aproveitamento de alimentos, também aprendi sobre compostagem de resíduos e cultivo de hortas urbanas.


Por essa época também comecei a fazer catering para produções audiovisuais e eventos. As empresas e as produtoras começaram a se interessar por oferecer uma alimentação caseira e sem produtos ultraprocessados.

Como parte do meu processo de aprendizado e graças a vontade que surgiu de oferecer uma alimentação que se preocupasse cada vez mais com a saúde e as redes de produção, durante um ano e meio trabalhei no restaurante Satori, a proposta do restaurante é a alimentação macrobiótica que é caracterizada por priorizar os alimentos naturais e orgânicos. Ela também defende a eliminação completa de produtos químicos e ingredientes artificiais, inclusive nos produtos de higiene pessoal e outros de uso doméstico. Isso faz com que a proposta macrobiótica vá além da alimentação e seja um estilo de vida natural, que enfatiza o equilíbrio e a harmonia.

Durante o tempo que trabalhei no Satori conheci muitos alimentos com os quais não tinha familiaridade, aprendi sobre cortes dos alimentos e técnicas de preparo pensadas para um maior cuidado e aproveitamento dos nutrientes e da energia que os alimentos tem para oferecer;

na época trabalhava numa cozinha com oito mulheres de idades e historias de vida diversas, fiz amizades bonitas, foi uma experiencia muito marcante na minha vida e na minha prática na cozinha.


Durante o caminho pessoas e amigues foram me convidando para oferecer a minha proposta de alimentação para diferentes espaços: alimentação para residencias artísticas, retiros ou cursos, marmitas para a semana, oficinas, aulas particulares. Hoje continúo com a minha pesquisa que acredito ser inesgotável e com o desejo de conviver mais com quem produz o alimento cuidando da terra, perto das cozinhas tradicionais, das sementes nativas e construindo uma proposta de cozinha cada vez mais colaborativa: a cozinha como espaço de criação, trocas e aprendizados, convivencia, consciencia, e tudo que tem de mais bonito e vital no ato de se alimentar ...





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